domingo, 17 de janeiro de 2016

Conhecendo e Passarinhando em Monte Verde /MG

Em minha segunda visita à Serra da Mantiqueira, dessa vez com esposa e filhos, optamos por conhecer a vertente mineira da serra. Escolhemos visitar e passar alguns dias no vilarejo chamado Monte Verde, distante aproximadamente 30km da cidade de Camanducaia/MG. Monte Verde é uma vila com raízes européias, cujas primeiras famílias de imigrantes vieram da Letônia, de sobrenome Greenberg (que significa monte verde), dando assim nome à vila.

Repleta de pousadas e hotéis para todos os gostos, mostra que o turismo é uma das principais fontes (senão a principal) de desenvolvimento da região. A alta temporada é no inverno (maio a agosto), quando as temperaturas baixam bastante (vi fotos inclusive com geadas, mas não sei se são comuns). Várias são as opções de restaurantes com a boa comida mineira. A truta também é um atrativo gastronômico, com pratos variados, e também a comida alemã.

Passeios à cavalo, com jipes, land rovers, visitas à propriedades rurais, circuitos de turismo radical (tirolesa, arborismo, e passeios de quadriciclo) são algumas das opções de lazer disponíveis. Os pontos turísticos principais são os picos, que variam de 1990m a 2080m de altitude, sendo os principais acessíveis por meio de trilhas cujos percursos são feitos em meio a mata nativa e tem níveis de dificuldade variados.


Vista da Varanda - Pico da Pedra Partida ao fundo
Visitamos 3 dos 5 picos mais conhecidos e acessíveis, nos dias que não pegamos chuva. Pico da Pedra Redonda e Pico do Selado proporcionam vistas espetaculares. Vale mencionar que Dezembro já chove bem na região e com chuva não dá para fazer muita coisa outdoor, subir picos de 2000m de altura então?!

Um pouco sobre passarinhos

tiriba
Ficamos hospedados em uma região tranquila e um pouco afastada do centro da vila. Na propriedade, os Chalés e apartamentos ficam em meio a um bosque com árvores nativas e um córrego ao fundo com uma corredeira. Da varanda dos apartamentos mais altos, tem-se uma bela vista de um pequeno vale, com uma encosta e o Pico da Pedra Partida ao fundo.

E foi em uma dessas varandas que fiz boa parte dos registros das aves que transitavam por uma copa e outra, como por exemplo, as tiribas, os sanhaços-de-encontro-amarelo, os arredios-pálidos e os inúmeros quetes e tico-ticos que passam a maior parte do tempo caçando nas copas desse belo bosque.

arredio-pálido
Como o propósito da viagem não era a observação de aves, exclusivamente, não contratei serviços de guia para birdwatching. Assim, a grande maioria das espécies que constam na lista de registros (total de 56 espécies) que fiz foram observadas ou durante as caminhadas nas trilhas rumo aos picos ou na própria varanda do hotel, cedinho, aproveitando o tempo livre antes do café da manhã com a família.

Uma das exceções ao "modus operandi" descrito acima foi o registro do tapaculo-preto. Como eu o ouvia cantar frequentemente próximo ao córrego nos fundos do hotel, resolvi fazer uma rápida incursão ao seu esconderijo, geralmente no chão e escondido na vegetação densa. Consegui atraí-lo para um local pouco mais aberto, possibilitando algumas fotos como essa a seguir. Conseguir a foto do tapaculo-preto (um lifer), rapidinho, sem deixar a família me esperando para o café, alegrou bastante o meu dia! : )))
tapaculo-preto


"Para quem gosta de Natureza, Monte Verde é parada obrigatória ?"

Em vários locais da vila vi o slogan acima (principalmente nos estandes\receptivos de turismo), claro, sem o ponto de interrogação. A pergunta é uma chamada para reflexão apenas. A região é bem arborizada, realmente, porém é contraditório perceber que muito da vegetação nativa já foi suprimida dando lugar a pastos e florestas de pinus e eucaliptos, para produção comercial de madeira de reflorestamento. Do alto dos picos que pude visitar, ainda dá para contemplar algumas extensões interessantes de mata nativa, porém percebe-se em vários pontos o contínuo avanço das plantações comerciais de eucaliptos, que do ponto de vista ambiental pouco oferecem a fauna e avifauna nativa. Se quiserem continuar usando o slogan, as autoridades precisam se preocupar com que ainda resta!
tororó

Texto e Fotos: Rodrigo D'Alessandro





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