quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Conheça o Bacurau-norte-americano


O bacurau-norte-americano cochila durante o dia
geralmente em galhos à pequena e média altura.
Os bacuraus e curiangos são aves de hábitos noturnos da família Caprimulgidae. Segundo Sick, "os hábitos noturnos da maioria dessas aves levou o povo a apelidar de "bacurau" um indivíduo que só costuma sair à noite. "Bacurau" é alcunha dada aos negros (Rio de Janeiro). Tornar-se "curiango" significa na gíria "pegar serviço noturno". A denominação "Caprimulgus" é dada por uma crença européia que dizia que essas aves, de boca descomunalmente larga, vinha mamar o leite de cabras."

Alimentam-se de grande quantidade de insetos que são caçados principalmente em voo. O tamanho descomunal da boca dos bacuraus facilita na captura de insetos. Além disso, as cerdas ao redor do bico (vibrissas) bem proeminentes em algumas espécies ampliam a extensão da boca quando aberta durante o ato de caçar o que pode ajudar na tarefa de captura de insetos.

"O uso ilimitado de inseticidas é uma ameaça às espécies dessa família."
Consta em Sick que um bacurau-norte-americano (Chordeiles minor) examinado nos EUA tinha 2.175 insetos no estômago, quase a metade formigas aladas (rainhas), apanhadas durante a revoada destes insetos. Foi calculado que o peso retirado do estômago de dois outros indivíduos deste bacurau era de aproximadamente 25% do peso da ave.

Em Brasília alguns indivíduos vem sendo
encontrados, ano após ano, na mesma região do
parque da cidade, e muitas vezes, na mesma árvore.
A plumagem críptica do bacurau-norte-americano, e da maioria das espécies dessa família, tornam-as muito parecidas em cores e desenho da plumagem, o que dificulta em sua identificação. Por outro lado, existe uma variação nas cores da plumagem de cada espécie de acordo com o ambiente onde vivem (areia, folhas caídas no solo, terreno pedregoso), deixando-as perfeitamente camufladas.

O bacurau-norte-americano reproduz-se na América do Norte e no início do inverno migra para o continente sul-americano, retornando apenas na primavera, sendo uma das últimas espécies migratórias a retornar para seu ambiente de reprodução em solo americano. A distância percorrida durante a migração pode passar dos 8.000km, sendo um dos percursos mais longos de aves migrantes norte-americanas de que se tem conhecimento. Embora seja uma ave de hábito noturno, pode viajar também durante o dia.

Em Brasília, a espécie chega por volta de Novembro e pode ser encontrada até meados de Março. A maior parte dos registros da espécie em Brasília publicados no site wikiaves foram realizados no Parque da Cidade. Constam ainda alguns registros no cemitério Campo da Esperança, para os que desejaram fugir da rotina!

Uma parceria entre o OBSERVAVES e a Rede Globo permitiu realizarmos uma matéria sobre o bacurau-norte-americano, veiculada em 26/11/2015. Abaixo o vídeo da reportagem.



Para saber mais sobre o bacurau-norte-americano:
http://www.wikiaves.com.br/bacurau-norte-americano

Texto: Rodrigo D'Alessandro
Fotos: Paulo Lahr

Fontes utilizadas: Ornitologia Brasileira, Helmut Sick
Site All About Birds - https://www.allaboutbirds.org/guide/Common_Nighthawk/id


sábado, 14 de novembro de 2015

Passarinhada em Campos do Jordão - Por Rodrigo D'Alessandro

Local: Campos do Jordão; Período: 19 a 22/08; 
Participantes: Rodrigo D’Alessandro e Simone de A. D’Alessandro ;  
Guia: Thiago Carneiro

Já há algum tempo Campos do Jordão despontava para mim como um dos principais destinos a conhecer, pois une diversas características que gosto muito, como por exemplo, ser uma cidade serrana, possuir em seu entorno e até mesmo dentro da cidade ambientes naturais bem preservados e por fim, a possibilidade de conciliar em uma viagem em família (ou em casal) o turismo tradicional com a minha atividade predileta: a observação de aves.

Nessa minha primeira visita à Campos do Jordão, decidimos eu e Simone, que reservaríamos um dia (o primeiro) somente para passarinhar e contrataríamos o guia local Thiago Carneiro. Nos demais dias, iríamos conhecer pontos turísticos como o Horto Florestal, Jardins do Amantikir, Pico do Itapeva e etc. Até aqui o leitor já deve ter percebido que o turismo indoor não é o nosso forte! : )  Então vamos ao relato da passarinhada:

Dia 01: Encontramos com o Thiago por volta das 06:30am no estacionamento do supermercado Pão de Açúcar. Ainda não nos conhecíamos pessoalmente, mas é impressionante como uma prosa sobre passarinho entrosa rápido!  E assim, logo o Thiago sentenciou: “Já que você não tem fotos do papagaio-de- peito-roxo, sugiro irmos a um local onde eles costumam aparecer agora cedinho, pois depois eles somem e devem ir para outro planeta!!”. Por lá são muito ariscos realmente mas fiquei satisfeito em observá-los a grande distância.

papagaio-de-peito-roxo
Logo após o papagaio-de-peito-roxo, vimos ainda arapaçu-escamado-do-sul, borboletinha-do-mato, beija-flor-de-papo-branco, gralha-picaça e tão desejado caneleirinho-de-chapéu-preto, um dos atrativos da região na minha opinião. 
caneleirinho-de-chapéu-preto

Ainda pela manhã registramos a choquinha-de-asa-ferrugem e a tovaca-de-rabo-vermelho. As tovacas são muito ariscas e difíceis de se fotografar, sendo assim, o Thiago tem feito um trabalho excepcional com esse grupo de tovacas que surpreendentemente se aproximam de nós. Uma das tovacas em especial, segundo o Thiago, ainda faz charme para os fotógrafos, por isso ganhou fama e já tem até nome, chamosa!. Olha ela aí:
tovaca-de-rabo-vermelho
Quando viajamos para observar\fotografar aves, claro que um dos objetivos é observar\registrar espécies até então inéditas para si (temos uma expressão para isso, chama-se, lifer). Mas se apegar apenas aos lifers, na minha opinião, pode se tornar desgastante tanto para o observador (quando eles, os lifers, não aparecem), quanto para o próprio trabalho do guia. Mesclar a procura por lifers com a possibilidade de se fazer boas fotos de espécies já observadas anteriormente tende a deixar a passarinhada mais descompromissada, alegre, e geralmente temos um dia mais produtivo e movimentado. Nesse sentido, e com a experiência do Thiago, consegui me divertir bastante com as figurinhas abaixo:


gaturamo-bandeira

saíra-lagarta

verdinho-coroado

tecelão
Na parte da tarde, a coisa mudou de figura. A passarada ficou mais arredia e por onde andávamos não havia muita diferença, apenas observações com binóculos e fotos à distância. Vimos trepadorzinho, sanhaçu-de-encontro-amarelo, abre-asa-de-cabeça-cinza e essa corruíra que implorou por uma foto:


corruira
Final do dia, encerramos no comedouro da casa do Thiago, com o quete, a tiriba-de-testa-vermelha e toda a turma de sanhaçus, saíras e sabiás que frequentam o seu belo quintal.


tiriba-de-testa-vermelha
Visita ao Pico do Itapeva: Abrimos uma exceção para uma parada estratégica no caminho em uma área de campo, para conseguir outro tão esperado registro: o papa-moscas-de-costas-cinzas, graças a dica certeira do Thiago, é claro! 



papa-moscas-de-costas-cinzas

Mas a princípio o programa oficial não era passarinhada, então seguimos na rota rumo ao pico. Lá em cima, no mirante, cuja visão é muito ampla e belíssima, também dá para ver pertinho uma mata...  Bom, minha esposa com binóculos em punho localiza 1 sanhaçu-frade, 2, 3, 4, um bando deles, e grita: corre amor!!!  pega a câmera! Aí a passarinhada se iniciou novamente e vimos ainda bico-de-veludo, jacuaçu, quete, peito-pinhão e o belíssimo beija-flor-de-topete-verde.


sanhaçu-frade

Dias 02 (tarde) 03 e 04: Você leitor que chegou até aqui já imaginando que a viagem virou uma passarinhada só... enganou-se, mas só um pouco! Como disse no início, a ideia era também conhecer um pouco da cidade e foi o que fizemos nesses dias restantes. É bem verdade que nossa preferência é por ambientes abertos, naturais e nesse sentido conhecemos belos lugares como os jardins de Amantikir e o Horto Florestal. Claro que vez ou outra nos chamava a atenção uma saíra, um pula-pula, um canto que não tínhamos ideia do que se tratava, e assim foi, curtimos os pássaros, a natureza, cada momento juntos e voltamos renovados.
beija-flor-de-topete


Sobre o Thiago Carneiro: Como um bom Jordanense, conhece muito bem a região, os habitats, pontos de ocorrência, esconderijos, enfim, sabe onde encontrar a passarinhada e as raridades da região. Em nossa guiada, não se preocupava apenas em encontrar uma determinada ave, mas na medida do possível, criava cenários e poleiros que me permitiram fazer belas fotos. Fica aqui meu agradecimento ao Thiago, pelo ótimo e divertido dia de passarinhada juntos.

Texto e Fotos: Rodrigo D'Alessandro

sábado, 24 de outubro de 2015

Passarinhando na Chapada do Araripe, por Fernanda Fernandex

Em Setembro de 2015 fiz uma passarinhada na Chapada do Araripe.

ao fundo, a Chapada do Araripe
A Chapada fica no sudoeste do Ceará, alcançando, também, o Piauí e Pernambuco. Tem ponto que ultrapassa os 800m de altitude. A vegetação tem até mancha de mata atlântica, predominando o cerrado e caatinga. No início de setembro estava bastante seco, com muitos ventos e calor que não chegava a incomodar - quando sob sombra...

Eu e o guia Jefferson Bob
O guia ornitológico local, Jefferson Bob, disponibiliza da simples guiada até o pacote completo, que foi o que escolhi - traslados, guiadas, hospedagem em pousada, refeiçoes na casa da mãe dele, carro alugado por ele. Nossa única despesa foi com água mineral.

Fui para o Ceará para um encontro de amigos motociclistas, numa praia quase na divisa com o RN. Como já estaria por lá, emendei com a passarinhada no Araripe e, em cima da hora, encaixei um dia em Guaramiranga, na serra de Baturité, tendo por guia o excelente Caio Brito.

Como foi
porteira
Saí de Brasília no dia 3/setembro, viajei de avião. Chegando a Fortaleza, aluguei um carro e já fui direto para Icapuí - onde fica a praia em que fiquei. Lá, dois lifers - sabiá-da-praia e balança-rabo-de-chapéu-preto. Apesar de ter notícias de que algumas aves migratórias já estariam chegando à região, preferi ficar o tempo todo com meus amigos.

Saí de Icapuí no dia 7/set, rumo a Guaramiranga. É uma pequena cidade no topo da serra de Baturité, com muito mato e clima bastante agradável, muito apreciada pelos cearenses. Cheguei lá às 15 horas, logo encontrei o Caio Brito e fomos passarinhar no Parque das Trilhas. Depois pegamos o carro e fomos em busca da tiriba-de-peito-cinza, fotografada já no final da tarde. Fizemos uma corujada, sem sucesso, em busca da murucututu.

No dia seguinte, nova passarinhada pelo Parque das Trilhas, até as 10 horas. Avistamos um lek do belo guaramiranga - o nome que os locais dão ao uirapuru-laranja - e, desta vez, fiz fotos decentes dele... Depois fomos em busca da tovaca-campainha, que nos tomou muito tempo, até ela resolver cruzar a estrada e aparecer para uma série de fotos...

No caminho para Fortaleza, paramos para almoçar num pequeno restaurante de estrada e ainda fotografamos alguns bichos.


Chegamos em Fortaleza às 16 horas, e o Caio me convidou para ficar hospedada na casa da mãe dele. Mais tarde fomos ao aeroporto para devolver o carro à locadora e esperar a minha prima Selma Fernandes, que vinha do Recife. Ela é observadora e ilustradora de aves há muitos anos, e seria minha companheira no Araripe.

farinheiro ou piu-piu (Myrmorchilus strigilatus)
Ilustração com lápis grafite, baseada em fotografias de Jefferson Bob
No dia seguinte, 9/set, o Caio nos levou ao aeroporto e pegamos um voo até Juazeiro do Norte, onde o Jefferson Bob nos esperava. De lá partimos para o município de Barbalha (são três cidades juntinhas - Juazeiro do Norte, Barbalha e Crato) - Arajara Park - onde é mais fácil ver o famoso soldadinho-do-araripe
um estudo do
soldadinho-do-araripe elaborado
pela Selma

Almoçamos no Crato, onde visitamos o Projeto Soldadinho do Araripe (http://www.aquasis.org/subprograma.php?id_oquefazemos=1) e tivemos o privilégio de conversar durante um bom par de horas com Weber Girão e sua esposa, Karina Linhares.

Apresentação de Weber Girão no TED - https://youtu.be/5-btWal1rL8

rumo a Assaré
Como a conversa estava muito boa, acabamos nos atrasando para tomar o rumo de Potengi, a 80 km. Essa cidade é onde o Jefferson Bob mora e onde nos hospedamos. A viagem seguiu tranquila, por uma excelente estrada - aliás, as estradas estaduais cearenses estão excelentes, asfalto lisinho, sinalização farta, um primor - e logo estávamos na pousada Santa Luzia, em Potengi. Boa pousada - cama box, ac split, tv de led, geladeira. A ressalva é que até tem chuveiro elétrico, mas estava desligado, por causa da pequena quantidade de água. Como a região enfrenta seca braba, falta água todos os dias.


Por do Sol a caminho de Potengi
A rotina diária começava com o Jefferson nos buscando na pousada às seis horas para tomar café na casa da mãe dele. Logo depois, saíamos para passarinhar. Os deslocamentos são curtos e já avistamos aves pelo caminho. A paisagem é belíssima, apesar de estar tudo muito seco; a luz do sol adquire um belo tom amarelo/dourado.


A primeira passarinhada foi no Sítio Pau Preto, da família do guia, e
no açude do Sítio Pau Preto
logo vimos a estrela principal da região: o farinheiro - oficialmente conhecido como piu-piu. O bicho vem facinho, sem playback. Fica cantando "tem-farinha-aí?" o tempo todo, com algumas intervenções de alerta por parte da fêmea.  No Sítio há muuuuitas aves, a maioria vindo perto.

Voltamos para almoçar em Potengi, A rotina era essa - almoçávamos ao meio dia, descansávamos, depois das 14 horas saíamos novamente. Jantávamos por volta das 18:30 - eu e minha prima escolhemos só lanchar - e o Jefferson nos levava de volta para a Pousada.

em busca do torom-do-nordeste,
no Parque Municipal Distrito Brejinho,
em Araripe-CE
Foram dias bem tranquilos, sem pressa, sem muito playback, os lifers aparecendo tranquilamente. Quem demorou mais foi o torom-do-nordeste, sempre entranhadinho, no chão. Para fotografá-lo tivemos quase que rastejar pelo carrascal, o bicho tranquilamente à nossa frente... Quando conseguia uma brechinha mais limpa, ele mudava de posição, um passinho, e ficava de novo atrás de galhinhos... Até que parou sobre uma pedrinha e se aquietou, possibilitando uma foto legal.


esperando o joão-chique-chique
Outro que deu um trabalhinho foi o joão-chique-chique. Esse prefere ficar a meia-altura, não vem "no limpo".  Na primeira vez em que os localizamos não me foi possível fazer fotos, eles se mantiveram bem escondidos. Na segunda, sob sol das 14 horas, até consegui uma foto razoável, mas estava muito quente e preferimos deixar os bichos em paz. Na terceira oportunidade eles estavam entranhadinhos, à sombra, estavam curiosos, pertinho, foi melhor.


Considerações sobre a passarinhada no Araripe:
- o guia, Jefferson Bob, é excelente. Tranquilo, exímio conhecedor da região e das aves, perfeito senso de posicionamento, cumpriu tudo que prometeu, dirige muito bem, pontual, atento. Tem olhos capazes de discernir, dirigindo, um saci à sombra entranhado no mato fechado. Ouviu  tiês-caburé a uns bons 400m de distância - medi essa distância pelos pontos marcados pelo gps da câmera.  
refeições deliciosas na casa da Ivete,
mãe do Jefferson
- refeições - todas servidas na casa da mãe do Jefferson, a Ivete. Adorei a solução. Passamos muito bem, as nossas restrições alimentares foram sempre observadas e, pela primeira vez em viagens pelo Brasil, não tive incômodos gástricos.
- a pousada Santa Luzia - construção recente, quarto de bom tamanho para uma pessoa, no meu havia uma cama box de casal e uma de solteiro, com tv de led (captam sinal de satélite, de canal comercial só o da Globo), geladeira grande, ar condicionado split. O chuveiro, elétrico, estava desligado da energia, por causa da pouca quantidade de água.
- as passarinhadas - adorei, sem restrições. Luz excelente, bichos fáceis, deslocamentos curtos.
- a região - andamos pela área rural dos municípios/povoados de Barbalha, Crato, Potengi, Araripe, Assaré, Santana do Cariri, Nova Olinda, Aratama.
- as pessoas - muito hospitaleiras, gentis, interessadas em ajudar, o normal do nordestino.
- curiosidades - surpreendi-me com a limpeza e arrumação das cidades interioranas do Ceará, as estradas impecáveis, wi-fi pra todo canto - até nos sítios. A operadora Vivo não mostra sinal de 3G em Potengi e proximidades.  O valor das garrafas de água mineral nos mercadinhos de Potengi me surpreendeu: a de meio litro custava R$ 1 e a de 1,5 litro custava R$ 1,50. Fomos à feira em um dia, o valor das frutas/verduras é semelhante aos de Brasília. Acho que vem tudo de longe, a seca não permite uma produção regional.


Sede da Fundação Casa Grande, em Nova Olinda-CE
Entre uma passarinhada e outra, visitamos, em Nova Olinda o Museu do Couro, que mostra obras de Espedito Seleiro, e a Fundação Casa Grande (http://www.fundacaocasagrande.org.br/principal.php); em Potengi, conhecemos o Sr. Françuli, um gênio (http://www.potenginainternet.com/2015/08/franculi-o-inventor-do-sertao-em.html); em Santana do Cariri, cidade famosa pelos fósseis, estivemos duas vezes mas não pudemos visitar o Museu de Paleontologia, fechado nas horas em que passamos lá. Ainda nesse município, fomos ao mirante, a 800m de altitude, com uma ampla vista da região.

Eu, Jefferson Bob e Selma
Ao final, foram vistas/ouvidas 155 aves, com cerca de 30 lifers.

Por fim, deixo esse interessante vídeo com uma reportagem sobre o periquito-da-cara-suja.

Texto: Fernanda Fernandex
Fotos: Fernanda Fernandex, Selma Fernandes e Jefferson Bob.





Carnaubinha, em Potengi-CE
Carnaubinha, em Potengi-CE


venda de água
procurando no emaranhado
passarinhando
abandono
paredão da chapada

Anotações\Listas (Por Selma Fernandes)


Fotos de Selma
alto da chapada



trilha na caatinga


Igreja em Santana do Cariri

Tapiocas
tapioca com amendoim e gergelim
torrados e moídos


tapiocas feitas pela Ivete


sábado, 17 de outubro de 2015

Migração das Tesourinhas

A tesourinha (Tyrannus savanna), pertencente a família dos Tyranídeos, é uma espécie de ampla distribuição na América do sul e realiza anualmente um ciclo migratório à partir das regiões Centro-Sul do Brasil e Argentina, locais onde se reproduzem entre os meses de Setembro à Dezembro, até o norte da Amazônia e Colômbia, para onde retornam para o descanso reprodutivo, a partir de Janeiro\Fevereiro. Cada viagem migratória, que pode ultrapassar os 3.000km, se dá em grandes grupos (centenas de indivíduos), os quais viajam e repousam juntos e muitas vezes utilizam uma única árvore (ou árvores próximas) para pernoitar.

O nome popular tesourinha está relacionando a sua longa e característica cauda, que é ainda maior nos indivíduos machos. Seu nome científico, Tyrannus savanna, significa "Caçadora implacável que vive nas savanas ou Ave cruel das savanas"

Uma equipe multi-nacional de biólogos e pesquisadores, coordenada pelo biólogo Alex Jahn, do Departamento de Zoologia da Universidade Estadual Paulista de Rio Claro, estuda e acompanha todo ciclo reprodutivo e migratório da tesourinha já há alguns anos, empregando também o rastreamento de indivíduos, utilizando um pequeno conjunto receptor acoplado a essas aves que registra e armazena informações sobre a duração do dia (baseado na luminosidade). Todos os cálculos que determinam a rota, intervalos e duração de cada viagem migratória são realizados por um software de geo-referenciamento específico, após a re-captura dos indivíduos monitorados.

De posse desse dados, deduz-se, até o momento, que as viagens migratórias pré-reprodutivas são mais rápidas que as viagens de retorno (pós-reprodutivas). Observa-se ainda que as viagens pós-reprodutivas tem uma maior variação de rota\velocidade\tempo, quando esses dados são comparados entre os indivíduos monitorados. A re-captura dos indivíduos monitorados para a recuperação das informações ainda é baixa é incerta, o que torna a análise dos dados e suas conclusões a respeito da migração das tesourinhas um processo gradual e ainda em desenvolvimento, onde muitas perguntas ainda precisam ser respondias e novas frentes de pesquisa podem ampliar esse estudo de forma a melhor compreender
a biologia evolutiva das tesourinhas através do seu ciclo migratório.

Essa nota foi um breve resumo do que foi apresentado pelo Sr. Alex Jahn em sua rica e didática palestra aos observadores de aves do planalto central, a qual foi acompanhada por um delicioso churrasco.

Agradecimentos especiais ao Professor Alex Jahn e equipe pela enriquecedora palestra, à comissão organizadora do evento por oportunizar e concretizar mais essa atividade (em especial, Tancredo Maia), à família Goulart (Carlos, Esposa e o filho Artur), que gentilmente cedeu o excelente espaço para nosso evento e churrasco, preparado e apreciado por todos os amigos que se fizeram presentes, também merecedores portanto de toda nossa gratidão.

Além da troca de experiências, outro objetivo dessas reuniões
é a confraternização entre os participantes

Para saber mais sobre a tesourinha, acesse:
http://www.wikiaves.com.br/tesourinha


Arte e fotos: Tancredo Maia
Texto: Rodrigo D'Alessandro


domingo, 11 de outubro de 2015

Big Day Brasil 2015


"Por mais de 30 anos o Laboratório de Ornitologia da Universidade de Cornell através do Team Sapsucker tem feito Big Days para arrecadar fundos para a conservação de aves. Em 2015 foi organizado o primeiro Global Big Day (GBD) no dia 9 de Maio, onde o Brasil teve uma participação expressiva! Ficamos em segundo lugar em número de espécies, com 1125 espécies de aves observadas e em terceiro lugar em número de listas. Isto porque Maio no Brasil é um mês com menor atividade das aves.Com o intuito de realizar um Big Day na melhor época para observação de aves no Brasil, a SAVE Brasil, o Avistar Brasil, o Observatório de Aves do Instituto Butantan e a PUC/RJ organizaram o Big Day Brasil."
Fonte: http://www.bigdaybrasil.com.br


Alguns membros do Observaves participaram do GBD e as listas dos registros realizados, principalmente no âmbito do DF e estado de Goiás, consolidadas pelo site Ebird.org, foram comentadas nesse post.

Para o Big Day Brasil, criamos uma programação especial apelidada de Big Day Cerratense a qual incluiu exposição fotográfica de espécies de aves do cerrado na estação Águas Claras do metrô, plantio de mudas de mulungus e passarinhada no parque ecológico de Águas Claras.

A lista das espécies de aves registradas pode ser conferida aqui.


Exposição Aves do Cerrado - Estação Metro Águas Claras



mãe-da-lua - Paulo Lahr
guaracava-grande - Paulo Lahr
picapauzinho-anão - Rosilene Lahr

sabiá-poca - Rosilene Lahr

saíra-amarela - Paulo Lahr










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